1.4.05
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Eu ia postar sobre minha paciente do hospital e acabei esquecendo.
Logo na segunda semana de estágio, pegamos (eu e a minha dupla) essa senhora. Ela tava amarelíssima, tinha operado o intestino no carnaval (desse ano) e voltou pro hospital porque tava com dores.
Ok, né.
Aí que a mulher tava com duas acompanhantes. E reclamava muito de dor. Uma das acompanhantes virou e disse "Não se preocupa, é só pedra na vesícula".
O caralho. Na hora eu percebi que não era. E óbvio que comecei a passar mal por causa disso. Fui tomar ar na janelinha e a acompanhante dela veio e me disse, toda emocionada, que era caso terminal. Como se eu não soubesse. Rá.
Ninguém chegou pra ela e disse "Minha senhora, você tem câncer". E pior, ficaram fazendo de conta que era outra coisa. Passei mal, ÓBVIO.
Foi na semana anterior ao feriado. Na quinta do feriado, era opcional ir. Minha dupla foi.
Nessa semana, fui perguntar como tinha sido o atendimento. A minha dupla disse que a mulher tava muito pior, toda com falta de ar. Mas que tava querendo atendê-la de novo.
Aí chega a super muito fofa e solícita assistente da unidade cirúrgica, pra passar os pacientes pra gente e, tandandammm. A mulher "foi a óbito" :S
Tô aliviada por ela e por mim. Por ela pelo óbvio. Tava sofrendo muito. Mas foi relativamente rápido, adoeceu em fevereiro e morreu no fim de março.
É muito estranho isso, estar num hospital e ficar chocada quando alguém morre.
Enfim, vou demorar pra processar isso. Só tenho dó da minha dupla, que atendeu a mulher no dia em que ela morreu.
Não tem coisa mais estranha que ser uma das últimas pessoas a falarem com uma pessoa, ever. Brrr.

  7:49 PM     



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